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A calçada portuguesa é uma forma tradicional de pavimentação do espaço urbano com alto valor estético, considerada uma verdadeira manifestação da cultura nacional portuguesa.
A sua confecção tem geralmente calcário branco e preto como matérias primas, que podem ser usados para formar padrões decorativos ou mosaicos pelo contraste entre as pedras de distintas cores.
Origem da Calçada Portuguesa
A origem da calçada portuguesa está associada a uma curiosa história.
No ano de 1500, o Rei D. Manuel I ordenou a pavimentação de algumas ruas de Lisboa com pedras de granito.
O objetivo seria que a Ganga, um rinoceronte branco, não sujasse suas patas de lama ao percorrer o numeroso e longo cortejo exótico, repleto de figurantes ornamentados com as novas riquezas e adornos vindos do oriente, em comemoração ao aniversário do rei.
Após o terremoto de 1755, a reconstrução da cidade foi resumida às necessidades primárias e emergenciais, deixando as calçadas portuguesas em segundo plano.
Apenas em meados do século XIX foi feita em Lisboa uma calçada decorativa, muito mais próxima da que conhecemos hoje e que se tornou uma das mais belas formas de pavimentação urbana.
Calceteiros
A evolução da arte da calçada portuguesa fez com que surgissem renomados mestres calceteiros, que realizam trabalhos e ensinam esta arte por todo o mundo.
Desde 1986, a Câmara Municipal de Lisboa mantém uma escola de calceteiros para preservar esta bela arte e importante profissão.
Junto ao Hotel Avenida Palace, encontramos o monumento ao calceteiro, uma homenagem aos profissionais que fazem estas obras de arte.
Passeios, praças e diversos espaços públicos surgem cobertos por pedras de calcário em uma rica composição com motivos decorativos diversos.
O sentido artístico aliado ao conceito de funcionalidade, fez com que a calçada portuguesa se popularizasse rapidamente em todo o país e suas colônias.
Praça do Rossio
Foi na Praça do Rossio, que surgiu uma das primeiras calçadas portuguesas tradicionais.
O seu famoso padrão de desenho “Mar Largo”, em homenagem aos descobrimentos portugueses teve origem em 1849, e serviu de modelo para cobrir o calçadão de Copacabana alguns anos depois, tornando-se uma das imagens de marca do Rio de Janeiro.
A partir da criação desta calçada, a Baixa de Lisboa se transformou e muitas outras ruas receberam esta decoração, que caracteriza a cidade.
Praça dos Restauradores
A Praça dos Restauradores é caracterizada pelo alto obelisco, que comemora a libertação de Portugal do domínio espanhol em 1640, e pelo belo padrão de calçada portuguesa ao redor do monumento.
O moderno padrão de calçada portuguesa da Praça dos Restauradores é de autoria de João Abel Manta, e ocupou o espaço no início da década de 70, em substituição ao antigo empedrado executado em 1905.
Estação Ferroviária do Rossio
Localizada junto à Praça dos Restauradores, a estação do Rossio é uma das mais emblemáticas de Lisboa. O projeto para a sua construção partiu da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, uma empresa que marcou o progresso do país no século XIX. Uma grande obra de arte que foi alvo de várias intervenções ao longo dos anos, marcada pela fachada de decoração neomanuelina e pavimentação com calçada portuguesa!
Avenida da Liberdade
Os mais belos exemplos da calçada portuguesa encontram-se ao longo da Avenida da Liberdade, da Praça dos Restauradores à Praça Marquês de Pombal.
Os largos passeios decorados, acompanhados de inúmeras árvores e jardins, fazem desta rua cosmopolita um local muito aprazível!
Nesta avenida encontra-se uma das calçadas que mais se destaca pela sua elegância e beleza, com desenhos florais e abstratos, encantando a todos os que por ali passam.
Praça do Marquês de Pombal
Próximo ao monumento do Marquês de Pombal, podemos admirar uma bela caravela portuguesa, acompanhada por dois corvos empoleirados, símbolo da cidade de Lisboa.
Padrão dos Descobrimentos
No Padrão dos Descobrimentos, em torno do mosaico, temos um outro exemplo de calçada portuguesa com temas náuticos.
A enorme rosa dos ventos é rodeada pelo famoso padrão “mar largo”, contendo um mapa ilustrativo das rotas dos navegadores portugueses pelo mundo.
Praça Luís de Camões
A calçada da Praça Luís de Camões também recorda a Lisboa dos Descobrimentos.
Imagens alusivas ao mar com sereias e caravelas, evocam “Os Lusíadas”, a grande obra de Camões.
Esta forma tradicional e artística de pavimentação continua a ser um elemento-chave da paisagem urbana, inspirando seus admiradores como o calceteiro-poeta António Mateus (Tony), que escreveu:
“Lembrai-vos desta arte,
Penso que tem defesa!
Aparece em toda a parte,
Pois ela é bem portuguesa.
Quis sobretudo ser franco,
Fala aberto o coração!
Trabalho o preto e branco,
Sou um ourives do chão.”
E terminamos por aqui o nosso passeio por alguns dos mais belos exemplares da calçada portuguesa de Lisboa!
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