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Em nossa visita ao Bairro dos Museus, vamos conhecer agora um dos espaços mais representativos de Cascais: a Casa de Santa Maria!
A vila de pescadores torna-se estância de veraneio
Nos finais do século XIX, a vila de Cascais, vista até então como vila de pescadores, tornou-se a “vila da Corte” durante os meses de Setembro a Novembro.
Esta mudança aconteceu em 1871, quando o Rei D. Luís, transformou o Palácio dos Governadores da Cidadela em residência real de veraneio.
A partir desta data, todos os anos, a família real passava o verão em Sintra e depois vinha para Cascais, trazendo o círculo social próximo da corte..
A residência privada mais luxuosa de Cascais
Enraizada na enseada de Santa Marta, junto ao Farol, a Casa de Santa Maria foi encomendada, por Jorge O’Neill, em 1902, ao arquiteto Raúl Lino, para presentear a sua filha D. Teresa.
O imóvel atravessou duas fases de construção: a primeira fase corresponde à Ala Sul, onde Raúl Lino conjugou painéis de azulejos, originalmente em estilo Art Déco.
Esta primeira fase distingue-se pelos elementos manuelinos, da fase mourisca de Raúl Lino – arco em ogiva e pavimento com encastramento.
Sala das Caravelas
Um dos cômodos que se destacam na Casa de Santa Maria, a Sala das Caravelas recebeu este nome devido às embarcações portuguesas representadas no teto. Entre os elementos decorativos destacam-se os azulejos do século XVII, provenientes do Convento de Marvila, e a lareira ornamental. O padrão original dos azulejos foi mantido no interior da lareira, e a partir dele, Raúl Lino criou seis conjuntos temáticos diversos que distribuiu por diversas salas.
O aparato dos tetos e das portadas de madeira harmonizado pelos lambris de azulejos, o aproveitamento da luz natural, tratada com raro cuidado, e a articulação dos espaços de estar e circular, são os destaques arquitetônicos do interior da casa.
Sala dos Frescos
Na Sala dos Frescos – antiga sala de jantar – a singular altura das janelas permitia que quando sentados à mesa, a vista da terra se perdesse e alcançasse apenas o mar. Na lareira há uma pintura temática alegórica às estações do ano.
Sala dos Arcos
Em 1918 a residência foi ampliada pelo novo proprietário José Lino, irmão de Raul Lino. A Sala dos Arcos surgiu após as obras de ampliação. A nomenclatura se deve aos arcos ogivais que fazem alusão ao período artístico estimado pelo arquiteto: a época medieval. Apesar de ser uma sala criada ao final da obra, as paredes foram decoradas com o mesmo conjunto de azulejos do século XVII, em um padrão desconstruído e reinventado por Raúl Lino, defensor do trabalho artesanal que caracterizava os princípios artísticos da chamada Casa Portuguesa.
Salão
José Lino, grande colecionador e apreciador de arte, adquiriu para a casa um conjunto de azulejos artísticos do século XVII e um teto de madeira pintado a óleo, de autoria atribuída a António de Oliveira Bernardes, espólio proveniente de uma antiga capela da Quinta da Ramada, em Frielas. Nele estão representadas figuras de atlantes, anjos e imagens da Constância e Misericórdia, duas alegorias inerentes às virtudes da Fé e da Caridade.
Capela
A existência de tão rica e diversificada coleção de azulejos – painéis como a Purificação de Nossa Senhora, a Fuga para o Egito, a Virgem com Jesus e São João Meninos, a Circuncisão, Jesus entre os Doutores, Nossa Senhora costurando – revelam uma valia patrimonial indiscutível, visto tratar-se de repertório artístico do barroco português. Já os azulejos coloridos à frente do altar foram produzidos na Espanha, no final do século XVI e simulam tecidos brocados.
Escadaria
No interior da Casa de Santa Maria, destaca-se a articulação de uma série de elementos, ressaltando um elevado número de azulejos figurativos e de padrão, tanto de iconografia campestre como religiosa. Alguns belos exemplares são encontrados na escadaria.
Biblioteca
Na Casa de Santa Maria, os móveis embutidos em cada sala, as composições dos azulejos, os tetos, as janelas, o pavimento e os detalhes, como puxadores, batentes e decorações, são todos de autoria de Raúl Lino. O arquiteto artista desenhou ao pormenor cada arte decorativa integrada na casa, incluindo as “boiseries”, molduras em madeira presentes na biblioteca.
Cozinha
Residência privada durante quase 100 anos, a Casa de Santa Maria teve a cozinha construída na sua última fase de ampliação, e tem as paredes decoradas com azulejos de padrão modernista.
Terraço
A Casa de Santa Maria possui uma integração harmônica da sua arquitetura à natureza, ressaltando a cultura nacional e influências artísticas de diferentes estilos, como o mourisco, medieval, neoclássico e art-déco. Do terraço, é possível ter uma linda vista dos arredores, contemplando também os monumentos vizinhos: o Farol de Santa Marta e o Museu Condes de Castro Guimarães.
Em 1925, a casa foi adquirida pela família Espírito Santo, que nela recebeu visitas de personalidades ilustres, como a Grã-duquesa Carlota do Luxemburgo e a sua família; os Condes de Barcelona; o Rei Humberto II de Itália; os Duques de Windsor, entre outras.
Adquirida no início de 2004 pela Câmara Municipal de Cascais, tornou-se um pólo cultural, com ênfase particular no trabalho de Raúl Lino e na arquitetura de veraneio que marcou o desenho da costa de Cascais.
Considerada Patrimônio Nacional e classificada como Monumento de Interesse Público, as suas portas encontram-se abertas à visitação pública.
Terminamos por aqui a nossa visita a Casa de Santa Maria!
Clique no link abaixo para assistir ao vídeo de nossa visita e encante-se com as belezas de um dos cartões postais da Vila de Cascais.