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A Casa dos Bicos é um dos raros exemplares da arquitetura renascentista que subsistiu do estilo manuelino em Lisboa.
História da construção
Edifício da zona ribeirinha, junto à Ribeira Velha, foi construído por iniciativa de Brás de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia, Afonso de Albuquerque.
Em 1521 Brás de Albuquerque integrou a comitiva real que conduziu a Infanta D. Beatriz, filha de D. Manuel, à Itália, para seu o casamento com o duque Carlos III de Saboia.
Nesta viagem, Brás de Albuquerque teve contato com a arquitetura renascentista italiana e, ao voltar a Portugal, construiu um edifício inspirado no Palácio dos Diamantes em Ferrara, Itália.
Arquitetura da fachada
De planta retangular, o edifício distingue-se pela fachada singular revestida por pontas de diamantes em estilo renascentista, detalhe que originou a nome popular de Casa dos Bicos.
As janelas contemporâneas, inspiradas no estilo tardo-gótico manuelino, possuem formatos distintos e distribuição irregular ao longo da fachada, assim como suas seis portas de diferentes dimensões.
Desmoronamento e reconstrução
Com o terremoto de 1755 e o incêndio que lhe seguiu, a estrutura original da Casa dos Bicos ficou bastante danificada. A fachada principal, que ficava virada à atual Rua Afonso de Albuquerque, desmoronou, e os dois andares superiores ruíram.
Em 1772 o edifício foi parcialmente reconstruído, mas a estrutura quinhentista ficou alterada.
Em 1960 a Câmara de Lisboa adquiriu a Casa dos Bicos, e contratou o renomado arquiteto Raul Lino para adaptar o espaço e transformá-lo em um Museu.
Entretanto, a obra foi adiada, e somente em 1981 a Casa dos Bicos foi recuperada e a fachada reconstruída segundo a sua estrutura original.
Museu e campo arqueológico
A disposição original do interior da casa foi completamente alterada.
No piso térreo encontramos a área expositiva com uma coleção de objetos usados no cotidiano da Casa dos Bicos, antes do terremoto de 1755 e o campo arqueológico, com importantes vestígios que revelaram diversas fases da evolução da frente ribeirinha, entre o período romano e a atualidade.
Milhares de fragmentos de peças foram recolhidos nas intervenções arqueológicas, como vasos, pratos, cálices e azulejos.
O vasto projeto de reabilitação da Casa dos Bicos integrou um trabalho rigoroso de pesquisa arqueológica, que permitiu o conhecimento da “memória espacial” deste edifício e a integração de algumas das suas estruturas arqueológicas a nível da arquitetura.
Como parte do espólio arqueológico descoberto durante as obras de restauro, encontram-se no local vestígios da antiga muralha fernandina e restos da cerca moura, assim como resquícios de tanques de salga e conserva de peixes da época romana e alicerces de uma torre medieval.
Essa área passou a integrar o Núcleo Arqueológico do Museu de Lisboa.
Fundação José Saramago
Já nos dois pisos superiores do edifício, está instalada a Fundação José Saramago, que nos apresenta detalhes da vida e da obra do escritor português que foi premiado com o Nobel da Literatura.
Terminamos por aqui a nossa visita à Casa dos Bicos, um dos exemplos mais representativos e emblemáticos da arquitetura civil da Lisboa do século XVI!