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Designer de moda: Dino Alves
A exposição faz ligação de Keith Haring com a moda, inclusive expõe a réplica do casaco usado pela Madonna. Pensando no nosso contexto de moda atual, você acredita que Keith Haring ainda tem uma grande influência nas tendências de moda?
Sim, acredito que tenha. Sobretudo porque há hoje em dia, uma tendência forte em criar statements através da roupa. Eu próprio tenho feito isso nos últimos desfiles. Tem-se visto muito ultimamente t-shirts com textos, mensagens, ou mesmo imagens que valem mais que mil palavras. O Keith Haring era o que fazia, através de uma espécie de alfabeto visual.
Ainda há uma semana ou duas, passei na montra da Benetton e a coleção tem umas peças com o mesmo tipo de símbolos.
Os seus símbolos com traço forte bem marcado, tornaram-se intemporais e um marco na cultura visual, por isso a qualquer momento podem saltar para qualquer passarela do mundo.
Atualmente o mundo da moda fala sobre sustentabilidade e redução do carbono. Na sua opinião, essa também seria uma causa que o Keith Haring abraçaria?
Não tenho menor dúvida que sim. Na sua época não era ainda um problema sério, mas hoje em dia sim e assim como se preocupava e era activista numa serie de assuntos na altura, hoje em dia preocupar-se-ia com toda a certeza com a questões preocupantes da actualidade como da igualdade de género, da descriminação das minorias raciais, do bullying relacionado com a ditadura da beleza, do terrorismo e claro com o ambiente e sustentabilidade.
Acredita que eventos como estes, podem atrair os olhares do mundo fashion para Portugal?
Sim, nesse sentido a State of the Art está de parabéns. Todas estas iniciativas servem para educar, motivar e inspirar a população e isso, mesmo que indirectamente, faz captar as atenções. Um povo educado, culto e inspirado, constrói um País melhor e mais atraente.
Curadora: Astrid Sauer (State of the Art)
Como foi fazer a curadoria para este evento? Qual o motivo destas 17 peças terem sido escolhidas?
Keith Haring é uma das figuras mais emblemáticas do cenário artístico de Nova Iorque dos anos 80′ e as suas obras são altamente reconhecíveis. Os seus desenhos e símbolos, – Haring chegou a estudar Semiótica na School of Visual Arts em Nova Iorque em conjunto com o artista Bill Beckley – como o bebê radiante, cães latindo, OFNI’s, computadores, figuras dançantes etc., foram aplicados em t-shirts, canecas, pins, ímãs, chapéus, entre outros produtos, moldando a imagem popular do seu estilo artístico. Fizemos uma seleção de 17 obras de Haring, provenientes de uma coleção particular de Itália, que transportam o visitante numa viagem pela imaginação do artista, num diálogo aberto entre a arte, o ativismo e a moda.
Keith Haring também expressou a sua posição sobre temas políticos e sociais, como o Apartheid, a toxicodependência, a violência ou a SIDA através dos seus grafites e pop art. Você acredita que isto torna a sua obra atemporal? Se sim, quais das peças expostas no CascaiShopping o representam mais nesse sentido?
Mais que artista, Keith Haring foi ativista social. Através das suas obras, Haring comunicou a sua preocupação com questões como violência, igualdade de género, homossexualidade, racismo, respondendo a eventos políticos e sociais da época, como o fim do Apartheid (“Free South Africa), a epidemia SIDA e o abuso de drogas, ou o Desarmamento Nuclear.
Tendo em conta o papel crucial que Haring assumiu como ativista social, iremos lançar, no início de outubro, um projeto de responsabilidade social em prol da luta contra o HIV/SIDA com várias ações de sensibilização.
Akacorleone:
Como surgiu a ideia de convidar o artista Akacorleone para dar uma nova visão à obra de Keith Haring?
Acredito que a ideia de me terem escolhido foi porque tenha surgido de alguma forma pelo meu percurso semelhante ao Keith Haring, também comecei por intervir nas ruas de forma ilegal, através do graffiti, que me permitiu comunicar em espaços normalmente associados à publicidade. Revejo-me também na vontade de mostrar o meu trabalho ao público mais abrangente possível, por acreditar que a arte é para todos.
Como foi para Akacorleone receber este convite e qual foi o ponto de partida para sua inspiração?
Para mim este convite da State of the Art foi uma honra e um enorme desafio pois o Keith Haring é um dos artistas que mais admiro e que mais influenciou o meu trabalho, dessa forma queria fazer justiça ao desafio, procurando representar a sua obra de uma forma clara e perceptível, mostrando em simultâneo a minha linguagem e estética, de uma forma impactante mas equilibrada.
Qual foi o intuito de executá-la em um vagão de trem?
Acho que a ideia foi a de criar um paralelismo com a obra do Keith Haring, que cresceu também com o crescimento do graffiti na cidade de Nova Iorque, onde todos os comboios estavam pintados com graffiti. Por outro lado, a ideia de implementar este trabalho na carruagem, por dentro e por fora, criou um impacto que resultou num interesse grande pelo projeto.