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A marca portuguesa Marita Moreno foi criada sob uma perspectiva ética e única, elaborando produtos com materiais sustentáveis e de longa duração, além de métodos de produção sustentável e ecológico, apoiando sempre os artesãos locais.
Dessa maneira, a marca não só diminui o impacto no meio ambiente, mas também alerta as pessoas sobre a maneira como consomem, contribuindo para uma mudança de hábito.
Por esses motivos, a BeSisluxe não poderia deixar de apresentar alguns produtos da marca no Editorial Sustentabilidade (confira aqui).
Confira a entrevista exclusiva com a designer Marita Moreno:
P: A marca “Marita Moreno” defende a ideia de slow fashion, acreditando que a história de cada peça é um elemento essencial em sua concepção. Gostaria de entender mais esse processo e quais são os critérios seguidos para que a marca continue com essa identidade, mesmo em tempos onde ideias e produtos são consumidos tão rapidamente.
R: Os propósitos de responsabilidade já estavam bastante definidos desde a criação da marca. Sempre fomos uma marca sustentável no que se diz respeito aos nossos valores: ética, transparência, responsabilidade social são elementos que sempre estiveram presentes. A ligação ao património cultural português e ao artesanato estão representados em todas as nossas coleções que seja através da inspiração, das formas e/ou dos materiais. Por outro lado, é importante alertar as pessoas para a forma como elas consomem – a indústria da moda é a segunda mais poluente do planeta, daí ser uma indústria que neste momento está a fazer “marcha-atrás” em muitas práticas industriais insustentáveis. Por isso, é uma enorme preocupação conhecer todos os materiais, as suas origens, as suas caraterísticas e como funcionam. E que o resultado desta pesquisa que fazemos seja sempre para um melhor resultado do produto final – quer em qualidade, quer em conforto, pois a questão de ser sustentável já está intrínseca ao processo de criação, design e desenvolvimento. Os produtos que usamos são sustentáveis, mas também têm que ser resistentes e duráveis, pois a durabilidade de uma peça é um dos principais fatores de sustentabilidade – menos e melhor é mais. Daí que usemos o têxtil de cortiça, o biocouro, a microfibra recicladas, a borracha natural e a reciclada, a madeira, o pinatex, o banatex.
P: A partir da coleção linha Vegan, no verão de 2017, a marca propôs a se aprofundar ainda mais nas questões relacionadas a sustentabilidade. Quais são os desafios encontrados nessa nova forma de produzir?
R: O mercado dos acessórios de moda é extremamente competitivo e está em constante evolução, é preciso anteciparmo-nos e acredito que é necessário fazer diferente.
Sempre privilegiamos os materiais nacionais e nesta área da sustentabilidade não é assim tão fácil encontrarmos fornecedores nacionais com as melhores ofertas de matéria prima. Sem dúvida, o maior desafio ainda é encontrar fábricas que trabalham com quantidades pequenas e que respeitem o período de entrega do produto acabado.
P: Outro valor forte da marca é que seus produtos são feitos para durar, indo na contramão mercado. Para isso, adotaram um design atemporal, evitando tendências efêmeras. Onde a marca buscou inspiração para essas formas, materiais, cores e texturas?
R: O processo criativo que é feito até uma coleção aparecer é complexo e envolve imensos fatores – para mim como diretora criativa da marca, é precisamente o mais importante, pois é o que vai distinguir o produto da marca de dezenas de outros. O pensamento, a visão, as inspirações, a sensibilidade para perceber o que o mercado irá solicitar, é o que está na génese da criação de todas as linhas da marca. E sim, existe sempre uma mensagem, um princípio, uma inspiração que é necessário transmitir ao consumidor para que este perceba e aprecie o que o criador quer partilhar, porque quando criamos e desenhamos (ou esculpimos), transmitimos emoções e sensações naquilo que estamos a criar – é este princípio (que vem muito da criação artística) que eu trago para a criação dos acessórios.
P: Quem é o público da “Marita Moreno”?
R: O nosso público é representado por homens e mulheres a partir dos 25 anos que gostam de moda e que estejam preocupados com a questão ambiental do nosso planeta. São indivíduos que apreciam arte e peças com história e exclusivas, mas também estão preocupados em como podem consumir de forma mais sustentável. Atingimos um público que não se interessa muito por labels mas por design, qualidade e consciência ambiental.
P: Existe um cuidado muito forte com a responsabilidade social. Gostaria que nos contasse um pouco mais da relação que você mantém com os seus artesão e fornecedores.
R: Temos uma relação próxima com todos os fornecedores da nossa cadeia de abastecimento – desde os fornecedores de matéria-prima que usamos para produzir os nossos produtos até aos artesãos certificados com quem trabalhamos em linhas especiais. Temos artesãos a trabalhar conosco, quer a fazer os protótipos das nossas carteiras à mão, quer em parceria a produzir as tecelagens artesanais que utilizamos nos nossos produtos. A maioria dos nossos fornecedores são pequenas fábricas familiares que produzem para a nossa marca. E o nosso compromisso enquanto empresa é ser o mais transparentes possível no que se refere aos processos de produção dos nossos produtos e à cadeia de valor envolvida neste processo. Fazemos também a valorização do artesanato português ao trabalhar com artesãos certificados e só trabalhamos com empresas que cumprem com as suas obrigações sociais e fiscais.
P: Além de diretora criativa e fundadora da marca Marita Moreno, você também foi professora por muitos anos no curso de Design de Moda na Escola Árvore, no Porto, Portugal. Ao longo dos anos, você percebeu maior interesse das novas gerações de designer sobre sustentabilidade na moda?
R: A questão da sustentabilidade é fundamental para nós, humanos, conseguimos viver neste planeta. Não é uma questão de tendência ou de moda – é uma questão de sobrevivência. A forma insustentável como temos devastado os recursos do planeta e como somos completamente alheios às consequências dos nossos atos, têm provocado situações extremas que ainda se vão agravar mais e que temos todos de as impedir, dessa forma acredito que os designers da nova geração tenham em consideração essa questão intrínseca com as suas criações. Acredito também que nós, professores, formadores, responsáveis escolares, secretários de estado e até ministros, tenhamos que dar o exemplo e ser pioneiros ao introduzir comportamentos sustentáveis e responsáveis com o ambiente, assim como as temáticas de responsabilidade ambiental, cidadania e sustentabilidade como disciplinas curriculares do ensino virado para o futuro.
P: No final de 2019 você ganhou a segunda edição do prémio “Moda, Sustentabilidade e Negócios”, que aconteceu na Espanha. Qual a importância de se ganhar esse prêmio?
R: Ganhar a segunda edição do prémio “Moda, Sustentabilidade e Negócio”, no âmbito da nossa presença na MOMAD Madrid, foi sem dúvida, uma surpresa muito feliz. O prémio foi-nos atribuído por um conjunto de fatores: a imagem eo produto, tendo em conta o design da coleção, a matéria-prima utilizada, o local de produção, e o caráter de responsabilidade social que temos enquanto marca. Foi uma honra ter ganho este prémio numa feira internacional, dado que estavam presentes marcas alemãs, francesas, espanholas, italianas e percebermos que o produto português se distingue dos restantes devido ao design, ao cuidado com a escolha de fornecedores e ao sucesso que a marca fez na MOMAD. Com a conquista deste prémio e o reconhecimento da marca, tivemos a certeza que estamos a trilhar o caminho certo, embora com custos, incerteza e muitos revezes (como em todas as aventuras e como todos os pioneiros). E cada vez mais percebemos a necessidade de liderar e acompanhar os movimentos que defendem a responsabilidade ambiental e a sustentabilidade no uso dos nossos recursos, sem deixarmos de ter produtos bonitos, sensíveis e que apelam ao nosso hemisfério criativo.
P: Essa experiência reverberou de qual forma na relação comercial da marca com outros países? Existe algum plano para se inserir no mercado brasileiro?
R: Internacionalizar era a palavra-chave quando a marca foi criada, inclusive tivemos o nosso projeto de Internacionalização aprovado pelo Portugal 2020, o que nos permitiu fazer a internacionalização da marca e perceber quais os mercados em que a marca teria mais sucesso. Desde o início estivemos presentes em mercados que para nós eram estratégicos – Alemanha, USA, UK. A partir do momento que a marca começou a crescer começamos a ver oportunidades de negócio em outros países e sem dúvidas que o prémio “Moda, Sustentabilidade e Negócio” abriu portas, principalmente em Espanha, um mercado tão próximo a nós e com tanta pluralidade e que nos recebeu de forma tão entusiasta. O mercado nacional também nos surpreendeu e hoje é um mercado bastante estratégico para nós. Infelizmente, a taxa de câmbio e os impostos para produtos importados no Brasil ainda continua a ser um entrave para a presença da marca no mercado brasileiro. Esperemos que isso seja resolvido, em breve, através das negociações do MERCOSUL com a UE.
P: Onde podemos encontrar os produtos Marita Moreno?
R: O nosso site tem uma loja online onde vendemos para a Europa, EUA, Canadá, UK, e para uma série de países fora da EU. Estamos também presentes em algumas plataformas internacionais, nacionais e sustentáveis. Fisicamente, em Portugal estamos um bocadinho por todo o país: Viana do Castelo, Vila do Conde, Porto, Lourosa, Braga, Coimbra, Bragança, Lagos. Fora de Portugal, estamos na Áustria, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Espanha e Itália.
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