Cultura 19 janeiro, 2022

Jardim Botânico de Lisboa, o espaço científico que tornou-se uma das áreas verdes mais agradáveis da capital

A cidade de Lisboa possui alguns dos mais importantes jardins de Portugal, e constituem um valioso patrimônio natural, histórico e científico.

Entre eles destacam-se o Jardim Botânico da Ajuda, a Tapada da Ajuda, o Jardim Botânico Tropical e o Jardim Botânico de Lisboa, que fazem parte do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), sob a tutela da Universidade de Lisboa.

Neste artigo vamos conhecer o Jardim Botânico de Lisboa, um espaço científico que tornou-se uma das áreas verdes de lazer mais encantadoras da capital!

Breve histórico

Localizado na freguesia de Santo Antônio, o Jardim Botânico de Lisboa é um jardim científico que foi projetado em meados do século XIX para complemento prático do ensino e pesquisa botânica na Escola Politécnica.

O local escolhido, no Monte Olivete, tinha mais de dois séculos de tradição no estudo da Botânica, iniciado com o colégio jesuíta da Cotovia, aqui sediado no século XVII.

Os primeiros jardineiros-chefes eram estrangeiros: um alemão e um francês.

A enorme diversidade de plantas recolhidas e organizadas por eles é proveniente de países de todo o mundo!

A prioridade era trazer espécies de territórios onde ainda havia a presença colonial portuguesa, de modo a representar no novo jardim o poder imperial português.

O projeto cênico e botânico foi perfeitamente ajustado ao local e ao clima ameno de Lisboa.  

Em meio ao desenho das veredas e canteiros, interligados por lagos e cascatas, as plantas rapidamente prosperaram, preenchendo de forma harmoniosa todo o espaço!

Em 2010, o Jardim Botânico de Lisboa foi classificado como Monumento Nacional.

Após um período de degradação, o local passou por obras de recuperação e renovação, reabrindo ao público em 2018.

O Jardim

Com cerca de 4 hectares de área verde, o jardim acolhe aproximadamente 1500 espécies de plantas diferentes.

Considerado um dos pulmões de Lisboa, o espaço é rico em espécies tropicais originárias de locais como a Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul – uma variedade possível graças ao declive natural do jardim, com zonas de diferentes microclimas. 

O jardim divide-se em duas zonas: a classe e o arboreto.

A classe corresponde à parte superior, onde se encontram as espécies de climas mais quentes e secos.

Atualmente encerrada ao público, esta área acolhe a biblioteca, o herbário e o Lago de Cima.

Já no arboreto, a parte inferior do jardim, observamos áreas de maior umidade e com uma grande variedade de plantas tropicais e de grande porte.

Percurso

O percurso do Jardim Botânico de Lisboa se inicia em direção ao arboreto, onde encontramos um enorme dragoeiro.

Dragoeiro

O dragoeiro está associado a uma lenda de Hércules em seu 11.º trabalho.

A lenda conta que Hércules teve de ir ao Jardim das Hespérides roubar três maçãs e lutou contra um dragão de cem cabeças. 

A cada gota de sangue do dragão que caia no chão nascia um dragoeiro. 

Por este motivo a cor avermelhada da seiva é atribuída ao sangue de dragão, que estaria correndo dentro dela.

Busto de Bernardino António Gomes

Junto à elegante escadaria dupla que liga as zonas do arboreto, existe um busto de Bernardino António Gomes, um importante médico, farmacologista e botânico.

Dentro dos princípios naturalistas, se destacou pelo estudo da ação de diversos vegetais no tratamento de doenças.

Cicadáceas

Ao descer a Rua das Palmeiras, podemos observar o jardim das cicadáceas, plantas ancestrais do tempo dos grandes dinossauros. 

A coleção de cicadáceas ou cicadófitas é um dos destaques do jardim! 

Autênticos fósseis vivos, representam floras antigas, que na sua maioria, se extinguiram. 

Todas estas espécies são consideradas raras, sendo que algumas podem apenas ser encontradas em jardins botânicos. 

Palmeiras

A diversidade de palmeiras, vindas de todos os continentes, também é notável ao longo do percurso.

A sua presença confere uma inesperada atmosfera tropical a diversas áreas do Jardim. 

Araucárias

O jardim acolhe também uma coleção de araucárias.

Um fato curioso está relacionado à búnia-búnia australiana, que pertence a esta coleção.

As suas pinhas podem pesar até 10 quilos, e por isso esta área é isolada na época das pinhas.

Árvore-do-Imperador

Já a Árvore-do-Imperador é uma espécie de grande beleza e frutos saborosos, muito apreciada pelo Imperador D. Pedro I e pelo seu filho, Pedro II, que a instituiu como “oferta imperial”, enviando espécimes para vários jardins botânicos do mundo.

Considerada um tesouro nacional, esta planta só existe em mais outros cinco jardins do mundo.

Conta a história que este imponente exemplar da Árvore-do-Imperador teria sido oferecido pelo imperador Pedro II ao seu grande amigo Conde de Ficalho, figura relevante da cultura portuguesa do século XIX e um dos principais impulsionadores da criação deste Jardim.

Túnel dos Bambus

O túnel dos bambus é outra área espetacular do jardim!

Dispostos ao longo do caminho, os bambus formam estruturas que ajudam a criar um ambiente misterioso e relaxante.

Ponte

Seguindo o canal de água, nos deparamos com uma ponte que confere um ar romântico ao lago, cercado pela exuberante paisagem.

O jardim botânico desempenha diversas funções relevantes.

A nível educativo, suas coleções servem à pesquisa botânica ao mesmo tempo que demonstram ao público a grande diversidade e os processos ecológicos.

Para o meio ambiente, representa um importante veículo de preservação da biodiversidade, conservando plantas ameaçadas de extinção.

A beleza e fascínio dos recantos e declives do jardim, nos convidam à sua descoberta demorada, como contribuição para sua preservação e continuidade!

E terminamos por aqui nossa visita ao Jardim Botânico de Lisboa, um autêntico paraíso natural no coração da cidade de Lisboa!

Endereço R. da Escola Politécnica 56 58
1250-102
Lisboa
Contato (+351) 21 392 18 97
[email protected]

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