Gastronomia de Portugal 12 setembro, 2019

Museu Condes de Castro Guimarães: um dos cartões postais da Vila de Cascais

Em continuidade ao nosso passeio pelo Bairro dos Museus em Cascais, vamos conhecer agora o Museu Condes de Castro Guimarães!

História do Museu

O Museu Condes de Castro Guimarães está instalado na antiga Torre de S. Sebastião, edificada entre 1897 e 1900, na enseada de Santa Marta por iniciativa de Jorge O’Neill, um aristocrata e financeiro de ascendência irlandesa.

A Torre de S. Sebastião tornou-se um Museu por mérito de seu segundo proprietário, o Sr. Manuel Inácio de Castro Guimarães, agraciado com o título de Conde de Castro Guimarães, por D. Manuel II, em 1909.

Em 1924, o Conde de Castro Guimarães doou em testamento a casa e todo o seu interior ao estado, para constituir um museu municipal e biblioteca pública, com ligação aos jardins e ao parque adjacente para recreio do público. O museu foi inaugurado em 12 de Julho de 1931.

Obra notável da arquitetura de veraneio cascalense, este Museu está integrado ao Parque Marechal Carmona, onde se situa também a Ermida de S. Sebastião, datada de 1594.

Estrutura e Decoração do Museu

Quando o palácio foi vendido aos Condes de Castro Guimarães, a propriedade passou por algumas alterações, para que eles pudessem habitá-lo grande parte do ano. O bom gosto do casal refletiu-se na aquisição de peças de arte e mobiliário representativos de várias épocas. 

O Museu Condes de Castro Guimarães possui uma arquitetura interessante em toda sua extensão. Há também entre os pisos uma escadaria de pedra bem talhada, em caracol, por meio da qual chega-se ao piso superior, frequentemente utilizado pela Condessa de Castro Guimarães para reuniões íntimas.

Confira os detalhes de cada uma das principais salas e áreas do Museu:

Claustro

Ao entrar no Museu, nos deparamos com o claustro de atmosfera hispano-mourisca. Em torno da fonte, inspirada na versão do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, observam-se vários ornamentos cerâmicos, painéis azulejares, pedras epigráficas e um baixo-relevo renascentista.

Sala dos Trevos

A Sala dos Trevos é assim designada devido à ornamentação do teto em madeira, com os característicos trevos de três folhas: um testemunho da origem irlandesa do primeiro proprietário da Torre de São Sebastião. Por este motivo, o Museu Condes de Castro Guimarães concentra atualmente parte das celebrações em Portugal do famoso St. Patrick’s Day – dia do padroeiro da Irlanda.

Sala de Música

A Sala de Música é decorada com azulejos de diferentes padrões do século XVII, paredes em damasco de seda de cor vermelha e  possui o teto decorado com os brasões de armas dos antepassados do Conde Manuel de Castro Guimarães. 

O destaque da sala é o órgão em estilo francês, construído por Augusto Joaquim Claro, com a novidade de possuir um sistema tubular pneumático. A peça foi instalada em 1912 por encomenda do Conde de Castro Guimarães. Nesta sala, aconteciam os saraus musicais que se tornaram verdadeiros cartões de visita do palácio. Por vezes o Conde também abria as janelas da Sala de Música e tocava para os cascalenses.

Sala Neogótica

A Sala Neogótica evoca o imaginário medieval e os elementos neomanuelinos, ao gosto revivalista do século XIX. Este espaço foi anteriormente sala de jantar da família O’Neill, primeiros proprietários da casa.

Biblioteca

No espaço da primitiva cozinha, posteriormente convertida pelo Conde em Sala de Leitura, conserva-se o grande acervo bibliográfico com 2830 volumes. Nas estantes desta sala guardam-se muitos livros que o conde deixou em testamento, e que constituíram o primeiro núcleo bibliográfico da Biblioteca Pública de Cascais. Por meio destes exemplares é possível perceber quais os temas de preferência do conde: História Universal e de Portugal, música, marinharia e romance. 

No centro da sala, fica exposta a obra mais emblemática e valiosa do acervo do Museu: a Crônica d’El-Rei D. Afonso Henriques, com a crônica sobre a vida  e os feitos do primeiro rei de Portugal. Este documento tem grande valor patrimonial e histórico, pois evoca os grandes momentos da Reconquista Cristã do território e dos primeiros séculos da nacionalidade, e também da época dos Descobrimentos.

Sala Dr. José de Figueiredo

O antigo quarto de vestir dos condes é hoje denominado Sala Dr. José de Figueiredo, em homenagem a este grande historiador, museólogo e crítico de arte que tanto contribuiu para a institucionalização do museu e o enriquecimento do acervo artístico inicial. Nesta sala destaca-se pela sua qualidade e raridade uma caixa de chá lacada, fabricada na China no XVIII com incrustações de madrepérola.

Escritório

A pequena sala do escritório possui teto com arcos ogivais neo-góticos e suas paredes mantém a decoração de rodapé alto, com azulejos valorizados pela intensa luz que entra pela varanda da sala adjacente. 

O destaque da sala fica com o órgão portátil de grande relevância pela sua raridade, um móvel datado com a inscrição: “Era de 1753” e as insígnias da ordem dos Dominicanos. Este órgão é ainda um dos exemplares em que melhor se exprimem as características da pintura acharoada portuguesa, uma tentativa de imitação da laca oriental utilizando técnicas de pintura.

Galeria

Nas alas da galeria que se sobrepõem ao claustro do Museu, há atualmente um conjunto significativo de pinturas e esculturas dos séculos XIX e XX, representando as correntes artísticas do Romantismo, Naturalismo e Modernismo. O espaço é também reservado para exposições temporárias.

Quarto dos Condes

O quarto dos Condes de Castro Guimarães conserva ainda as duas camas do casal. Atualmente ficam expostas neste espaço as colchas orientais, mobiliário português dos séculos XVII e XVIII, imagens ligadas à religiosidade privada, pinturas e objetos do uso cotidiano.

Sala de Jantar

A Sala de Jantar foi inicialmente um grande terraço, fato que explica a existência de uma fonte revestida de azulejo, além do enorme janelão de acesso à varanda. Atualmente, ficam expostas nesta sala as porcelanas da China com armas e brasões e baixelas de prata. Ao centro, apresenta-se uma mesa com serviço à francesa, na qual se expõem pratarias, castiçais, copos de cristal e uma terrina da China de porcelana de encomenda.

Adjacente à Sala de Jantar está a charmosa varanda, toda decorada por painéis de azulejo policromados e azuis, que lhe conferem uma beleza especial, completada pela bela vista dos arredores.

Torreão/ Sala de Armas

O Torreão evoca o construtor e primeiro proprietário da casa, Jorge O’Neill, com brasões de sua família ricamente pintados no teto. Ao centro há a divisa: “Caelo solo: Salo potentes”, ladeada pelos brasões de armas de seus ascendentes. Destaca-se também a presença de sua Árvore Genealógica.

A lareira é decorada com painéis de azulejos hispano-árabes e toda a sala apresenta um importante trabalho de revestimento em madeira, que remetem a ambientes dos castelos medievais. Esta sala é toda dedicada ao núcleo de armaria da coleção do museu.

E encerramos aqui nossa visita ao mais antigo espaço museológico e espaço especial de Cascais: o Museu Condes de Castro Guimarães!

Não deixe de conhecer esta belíssima peça da arquitetura romântica também em nosso vídeo!

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