Cultura 14 agosto, 2021

Museu da Farmácia, uma viagem por mais de 5.000 anos de história da saúde

O Museu da Farmácia está localizado junto à Associação Nacional das Farmácias, sediada no Palacete Santa Catarina. 

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Situado no largo de mesmo nome, o monumento compartilha a vista de um dos mais extraordinários mirantes de Lisboa.

O palacete ocupa o espaço onde se encontrava a antiga Igreja de Santa Catarina, que ruiu com o terremoto de 1755 e, mesmo após sua reconstrução, foi destruída por um incêndio em 1835.

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O terreno foi adquirido pelo industrial José Pedro Colares Pereira que mandou construir então o seu palacete em 1862.

No final do século XIX, o palacete foi vendido a Alfredo da Silva, outro industrial, que o deixou em herança para seu genro, D. Manuel da Silva.

Breve histórico

Inaugurado em junho de 1996, o Museu da Farmácia é o resultado da iniciativa das Farmácias Portuguesas em preservar a história da sua profissão. 

Em 1981, a Associação Nacional das Farmácias decidiu salvaguardar e promover o seu patrimônio farmacêutico. 

O projeto ganhou forma com a doação de peças das farmácias de Portugal para constituir a coleção do museu.

A iniciativa ultrapassou as expectativas reunindo um acervo representativo da história da farmácia portuguesa que estava em risco de desaparecer. 

Além das relíquias nacionais, o Museu da Farmácia reuniu também peças que nos dão uma excelente perspectiva de evolução da farmácia mundial.

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Exposição Farmácia no Mundo – 5000 anos de história

A vasta coleção do museu integra objetos de raro valor artístico e científico, peças originais que retratam a história da farmácia e da saúde desde os primórdios da humanidade até a era espacial.

O percurso apresenta as alternativas de cura, combate à doença e alívio da dor utilizadas por culturas e civilizações distintas no tempo e no espaço.

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Egito e Próximo Oriente Antigo

No núcleo expositivo do Egito encontramos o sarcófago mais antigo de Portugal, que representa o desejo pela imortalidade. 

Graças ao sistema de mumificação, os egípcios aprenderam sobre a anatomia humana.

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Havia também uma grande produção de recipientes, que se destinavam ao espólio tumular, e que continham perfumes, óleos, bálsamos e pomadas.

Na Mesopotâmia existia uma forte ligação entre saúde e religião. A doença era considerada uma maldição, um castigo divino, que desafiava os médicos a descobrirem o pecado cometido pelo doente e a reparação pretendida pelos seus Deuses.

Desta região, destaca-se um vaso decorado com uma palmeira, representando a ligação da farmácia à natureza. 

O Império Romano

Foi em Roma que ocorreu o grande avanço da medicina. 

Devido à guerra e aos gladiadores permanentemente feridos, surgiu a necessidade de cortar, operar e suturar, desenvolvendo-se assim os instrumentos cirúrgicos. 

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Atualmente as dosagens são padronizadas, mas tiveram seu início em instrumentos como os conta gotas, colheres e balanças usadas na Roma Antiga.

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Islã

No mundo islâmico surge a primeira farmácia e o primeiro hospital.

Os alicerces da ciência moderna começam a ser construídos com base na preservação e divulgação do conhecimento – através dos livros. 

Desta época, podemos ver um almofariz em bronze e diversos recipientes criados para produzir e preservar os medicamentos.

Tibete 

Do Tibete, o museu destaca uma carta médica anatômica – com a representação minuciosa do corpo humano.

Nesta carta, estão sinalizados os diversos pontos de energia necessários para alcançar o equilíbrio do corpo.

Civilizações Pré-Colombianas

No núcleo das Civilizações Pré-Colombianas, são abordadas as técnicas utilizadas pelos povos maias, incas e astecas.

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Para estas culturas, curar é um ato espiritual e a magia faz parte da luta entre o bem e o mal. 

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Aqui, podemos conhecer as terapias de cura ligadas a elementos religiosos, conduzidas por feiticeiros e feitas à base de plantas medicinais.

África

Na arte de curar africana, o uso de medicamentos é complementado com músicas e danças rituais para tratamento do corpo e do espírito.

Farmácia Medieval Europeia

O vínculo entre religião, crenças populares e a farmácia foi uma constante ao longo dos séculos, e atingiu a maior expressão durante o período medieval, com a utilização de substâncias consideradas mágicas.

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Na Europa do século XV, que sofria com a peste negra, surgiram os albarelos italianos, vasos com imagens de santos associados a medicamentos. 

Com a ajuda da intervenção divina, era garantida a confiança dos doentes na capacidade curativa das substâncias que tomavam.

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A Farmácia e a expansão portuguesa

Resultantes dos descobrimentos portugueses, encontramos peças tais como os almofarizes e clisteres em marfim, e ainda a faiança portuguesa com decoração azul e branca, oriunda da China.

Entre as raras peças conservadas pelo museu, está a pedra filosofal da farmácia, também conhecida por pedra de Goa.

Originária do século XVII, é revestida em ouro e guardada em um cálice de prata, para manter as suas capacidades curativas.

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A Farmácia no Iluminismo

Nesta área, podemos saber mais sobre a farmácia no séc. XVII, durante o período da revolução intelectual desencadeada pela contribuição do Homem e da investigação científica, que culminou no Iluminismo do século XVIII.

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No final da renascença, surgiu um novo sistema médico – a Iatromecânica.

Neste sistema, o corpo humano era concebido como uma máquina, estando as noções de saúde e de doença dependentes de interpretações das leis da física. 

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Diante deste dinamismo científico, novos instrumentos foram inventados e tornaram-se, pouco a pouco, ferramentas imprescindíveis no trabalho de pesquisa, como o barômetro, o microscópio e o termômetro.

Aqui vemos também as farmácias portáteis, utilizadas para tratamento nas casas dos doentes e em longas viagens. 

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Dos grandes momentos científicos, o museu destaca uma cultura de penicilina assinada pelo próprio Alexander Fleming, que descobriu seu uso em 1929.

Esta foi considerada uma das maiores descobertas da medicina moderna, tal como a primeira enzima fabricada através da biotecnologia em 1986.

Exposição Farmácia em Portugal

Esta é área dedicada à formação da farmácia e do medicamento industrial.

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Aqui estão algumas máquinas e aparelhos, como os autoclaves – um aparelho usado para esterilizar materiais, e que funcionava como uma grande panela de pressão – , os misturadores e granuladores, as máquinas de comprimir, de encher bisnagas, e os microscópios, que foram auxiliares preciosos dos farmacêuticos.

Laboratório da Farmácia 

O laboratório da farmácia era o local de preparação dos extratos e tinturas particularmente ativas e onde se aperfeiçoaram as novas formas farmacêuticas como as pílulas, as cápsulas e os comprimidos.

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Farmácia Militar

Na área dedicada à farmácia militar, encontram-se expostas peças que representam a atividade do farmacêutico militar no suporte à vida do soldado português nos diversos palcos de guerra ao longo do século XX.

Neste espaço podemos observar os materiais de análises clínicas, as farmácias portáteis e ainda as bolsas de medicamentos de primeiros socorros, utilizados na Primeira Guerra Mundial e em outras operações militares.

Reconstituição das Farmácias 

O Museu da Farmácia apresenta seu espólio de forma interessante e criativa, com destaque para a reconstituição de quatro farmácias de épocas diferentes.

Farmácia Barbosa

A Farmácia Barbosa pertenceu ao Mosteiro de Paço de Sousa. 

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A botica conventual do século XVIII possui nichos e prateleiras repletos de exemplares da faiança portuguesa que serviam para guardar as matérias primas dos medicamentos.

Farmácia Pacheco Pereira

Fundada em 1880, a Farmácia Pacheco Pereira é constituída por duas áreas distintas e de épocas diferentes: a área de atendimento, mais recente, e a área de laboratório.

A introdução de um balcão de atendimento em madeira impedia que os clientes se deslocassem ao local, quase sagrado, onde os farmacêuticos ou os seus aprendizes preparavam os medicamentos. 

Aqui é visível uma excelente coleção de cerâmica de farmácia do século XIX.

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Farmácia Liberal

Fundada em 1890, a Farmácia Liberal foi estabelecida na Avenida da Liberdade, em Lisboa. 

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A grande novidade desta Farmácia é a presença de um Laboratório associado, considerado um dos melhores da capital, onde eram preparados os medicamentos e feitas as análises clínicas. 

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As faianças decoradas de outrora, cederam lugar aos frascos de vidro azul, castanho ou incolor, com belos rótulos dourados, e aos potes de porcelana. Nos balcões-vitrine passaram a ficar expostas as várias especialidades farmacêuticas e os produtos de higiene e beleza.

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Farmácia Chinesa

Outro grande destaque do museu é a reconstituição de uma farmácia tradicional chinesa, oriunda de Macau, datada do final do século XIX, e que funcionou desde essa época até 1998, na Rua 5 de Outubro, em Lisboa.

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A farmácia é composta por vários armários de madeira lacada, com arcos em madeira exótica e obras antigas em talha dourada! 

O painel lateral apresenta em caracteres chineses a frase: “farmácia especialista em pós, pílulas e gotas oftálmicas”.

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No painel central, vemos a representação do médico e do farmacêutico prestando consultas aos doentes. Geralmente, os atendimentos eram feitos no consultório que se encontrava atrás das cortinas, ao fundo da Farmácia.

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A farmácia no espaço

O avanço e a importância das descobertas farmacêuticas é representado pelas farmácias espaciais, cedidas pela NASA e pela agência espacial russa.

Aqui, podemos ver os kits de medicamentos e comida dos astronautas, usados na estação orbital Mir e na última missão espacial do milênio feita pelo Space Shuttle Endeavour em dezembro de 2000.

A exposição lembra também o primeiro medicamento tomado no espaço, a aspirina, utilizada em 1969, na missão Apolo XI e que passou a integrar todas as expedições lunares.

Restaurante e área externa

Após conhecer esse vasto acervo com mais de 15 mil peças e as histórias relativas à prática da farmácia, ainda é possível aproveitar o agradável espaço externo e o restaurante, totalmente integrado ao edifício e à proposta do museu.

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E terminamos por aqui a nossa visita ao Museu da Farmácia, um local que mostra a evolução da ciência e das técnicas farmacêuticas ao longo dos séculos.

Clique no botão abaixo e confira o vídeo de nossa visita ao museu!

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EndereçoR. Mal. Saldanha 1
1249-069
Lisboa
Contato(+351) 21 340 0688
[email protected]
Horários10h00-18h00, dias úteis (última entrada: 17h30)
10h00-13h00 | 14h00-18h00, sábados (última entrada: 12h30 | 17h30)
Encerrado aos domingos
Ingressos6.00 € 
Consulte preços especiais para diferentes idades e grupos
https://www.museudafarmacia.pt/pagina.aspx?lang=pt&id=31
Link para compra de ingressos: https://blueticket.meo.pt/Event/5131/