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Fundado e mantido pelo Banco de Portugal, o Museu do Dinheiro abriu as portas ao público em abril de 2016. Está localizado no centro de Lisboa e ocupa o edifício da antiga Igreja de São Julião.
Em 1910 o Banco de Portugal decidiu ampliar a sua estrutura e comprar o edifício da antiga Igreja, situada no mesmo quarteirão que a instituição financeira está instalada desde 1870.
A primorosa reabilitação e restauração do edifício permitiu a instalação de parte da sede do Banco de Portugal e posteriormente do Museu do Dinheiro.
Interior da Igreja de S. Julião – Museu do Dinheiro
Ao entrar no edifício, o interior nos impressiona pela amplitude!
A nave central da antiga Igreja estrutura e prolonga o edifício.
Os núcleos do Museu do Dinheiro partem deste eixo, e distribuem-se pelas naves laterais, ao longo dos quatro pisos distintos.
As cortinas douradas de quase 20 metros em seda pura são uma colaboração da artista plástica Fernanda Fragateiro que delimitam o espaço da igreja, assim como os painéis laterais, estampados com manuscritos de Fernando Pessoa.
Ao fundo, um longo corredor e suas passarelas interligam as áreas administrativas do Banco de Portugal.
Em toda a área da nave central encontramos partes danificadas da antiga igreja que coexistem com áreas restauradas, evidenciando as cicatrizes mantidas para contar a história do edifício.
Núcleos do Museu do Dinheiro
O espaço de cerca de 2 mil metros quadrados abriga um rico acervo distribuído em nove núcleos temáticos, e que apresentam de forma didática e interativa a relação do dinheiro com a sociedade.
O próprio bilhete que nos é entregue na entrada permite a interação com a exposição em cinco momentos diferentes do percurso.
Tocar
No primeiro núcleo, temos a oportunidade de tocar em uma barra de ouro praticamente puro, de 24 quilates.
Com mais de 12kg de ouro refinado, esta é a peça mais valiosa do museu. Seu valor é estimado em cerca de meio milhão de euros.
Apesar da sua simplicidade, esta peça remete ao papel histórico do ouro e ao fascínio que este nobre metal exerceu sobre a humanidade. Um sinal de poder e prestígio, e a materialização do valor do dinheiro e da riqueza.
A barra de ouro é enquadrada pela porta da antiga casa forte.
Com mais de 7 toneladas de aço, esta porta guardava, em outros tempos, a reserva de ouro portuguesa, no subsolo deste mesmo prédio!
Do lado oposto, em contraste, uma imagem mostra a exploração mineira no garimpo brasileiro, projetada sobre uma tela de grande formato.
Trocar
No núcleo dedicado às trocas, somos recebidos por uma estátua de Hermes.
O deus grego do comércio conversa com o público, propondo a troca direta de bens por outras formas de dinheiro.
Ao redor da figura somos apresentados às diversas formas de dinheiro de diferentes culturas e épocas.
Aqui, encontramos formas de dinheiro exóticas, como os panos Kuba, utilizados no passado, por grupos étnicos do Congo; e os caurins, as pequenas conchas que eram usadas em países como a China, as Maldivas, e o Mali.
Convencionar
O núcleo seguinte do Museu do Dinheiro apresenta um filme em 3D, que mostra as primeiras formas de moeda no oriente e ocidente.
Um dispositivo multimídia de grande escala permite, através da navegação no tempo e no espaço, descobrir fatos relevantes sobre a história do dinheiro.
Neste núcleo, estão também expostos raros exemplares do acervo de moedas gregas, romanas e chinesas.
Um dos destaques é a primeira moeda do mundo ocidental, em liga de ouro e prata, cunhada há cerca de 2.700 anos.
Esta moeda é proveniente da Lídia, a atual Turquia, e possui a marca de garantia associada ao governante local: a cabeça de leão.
Outro grande destaque é a primeira nota do oriente, datada de 1375.
O valor nominal desta nota era de 1 guan, uma unidade que correspondia a mil moedas de bronze.
Entre o vasto acervo encontramos ainda preciosidades, como a moeda cunhada com a face de Alexandre, o Grande, representado como um semi-Deus e o Áureo de César, símbolos de afirmação de poder e autoridade política.
Representar
Neste núcleo da exposição, nos deparamos com uma floresta tubular que guarda as peças mais emblemáticas da coleção.
Exemplares raros que narram histórias e episódios eternizados nas faces das moedas.
Um dos grandes destaques é o português de D. Manuel I, cunhado em ouro. Uma moeda de afirmação de poder, que apresenta as armas do reino, os títulos reais e a cruz de Cristo, acompanhada da divisa de Constantino que diz em latim: “com este sinal vencerás” (in hoc signo vinces).
Na vitrine, encontram-se expostos os tesouros numismáticos, ou seja, relacionados ao dinheiro, e que testemunham a influência islâmica, como o Morabitino de D. Sancho II, e a epopeia dos descobrimentos, como as moedas cunhadas com ouro do Brasil.
Desta coleção, destaca-se ainda a Dobra de 24 Escudos de D. João V, parte do conjunto de moedas portuguesas que ganharam enorme prestígio internacional e espalharam a opulência do seu rei pelo mundo.
Conta-se que na Inglaterra, por exemplo, a imagem de D. João V era mais conhecida do que a do rei inglês!
Trata-se de uma moeda de estética barroca, com mais de 85g de ouro! É a maior e mais pesada moeda de ouro da história portuguesa!
Entre as preciosidades, há ainda outros objetos singulares como o Oban, uma moeda japonesa de grandes dimensões, feita em ouro.
Encerrando este núcleo, há um painel lúdico e interativo, que nos permite manipular, rodar e ampliar as moedas expostas.
Narrar
O núcleo seguinte, dedicado à narração, exibe as peças que representam a história da moeda e do comércio em território português, desde as primeiras trocas mercantis até o advento do Euro.
É nesta vitrine que podemos conhecer a primeira nota do ocidente, emitida pelo Banco de Estocolmo. Encontram-se ainda aqui expostas as placas de cobre utilizadas na Suécia durante os séculos XVII e XVIII.
O percurso nos conduz pela evolução do papel-moeda em Portugal, desde as primeiras emissões, até as mais recentes e conhecidas.
Um dos destaques é a nota de 10.000 réis.
Datada de 1 de agosto de 1848, a nota representa as primeiras emissões fiduciárias efetuadas pelo Banco de Portugal.
Um caso curioso apresentado neste núcleo é relativo a um escândalo financeiro.
Trata-se da fraude praticada por um grupo liderado por Alves dos Reis, que conseguiu obter centenas de milhares de cópias da nota de 500 escudos com a efígie de Vasco de Gama, em circulação desde fevereiro de 1924.
No ano de 1925, Alves dos Reis conseguiu fundar empresas e adquirir propriedades, beneficiando-se do esquema que viria a se revelar uma das maiores fraudes da história de Portugal!
Fabricar
O núcleo dedicado à fabricação do dinheiro, nos permite descobrir a composição do papel-moeda, conhecer as engenhosas máquinas, chapas de impressão e esboços relacionados à origem das moedas e das notas.
Este núcleo, demonstra por meio do processo de fabricação e de comparações entre notas verdadeiras e falsas, os elementos que tornam uma nota genuína.
O espaço permite ainda imprimir virtualmente uma moeda e uma nota com seu rosto e ainda fazer um pedido no “poço dos desejos”, como parte da interação.
Para completar a experiência, é também possível testar, com o auxílio de um equipamento, se o dinheiro que temos em mãos é mesmo de verdade.
Ilustrar
Um dos espaços é dedicado à ilustração do dinheiro.
Há uma variedade de elementos gráficos e cromáticos das notas, que refletem os aspectos culturais dos vários países, como a fauna, flora, personalidades, monumentos e paisagens icônicas.
É possível ver cada item em detalhe nos livros virtuais, inseridos em uma parede cênica e interativa.
Compreender
Na sala seguinte, totalmente interativa, podemos conhecer ainda a missão do Banco de Portugal, as suas principais responsabilidades e o impacto que o banco e a movimentação de dinheiro têm na vida dos cidadãos.
Revelar
Na antiga capela, encontramos uma segunda escultura do deus Hermes, figura que estabelece a ponte entre o passado e o futuro.
A escultura multimídia, dedicada à memória do lugar, revela a evolução histórica da área onde se encontra a sede do Banco de Portugal e o Museu do Dinheiro desde a época medieval, passando pela reconstrução pombalina, até a cidade atual.
Nos visores laterais, podemos observar as ilustrações arqueológicas 3D dos achados encontrados nas recentes obras de recuperação do edifício.
Muralha de D Dinis
Ao final do percurso expositivo, somos convidados a visitar a cripta da antiga igreja e descobrir o único trecho conhecido da Muralha de D. Dinis, classificada como Monumento Nacional.
No decorrer das obras de implantação do museu, em 2010, foi identificado um trecho significativo da antiga construção, soterrada por mais de 250 anos, desde do terremoto de 1755.
A muralha separava o Tejo da cidade medieval, e a protegia de ataques vindos do mar.
Os artefatos arqueológicos encontrados à sua volta fazem parte da exposição, que recria as atmosferas sensoriais da época, com o apoio de recursos multimídia.
O núcleo interpretativo pode ser explorado de diversas formas. É possível ouvir os sons do cotidiano, música medieval, ou ver representações gráficas, animações 3D e fragmentos de objetos reais.
A exposição apresenta a história da Lisboa ribeirinha ao longo de mais de 1.000 anos e tem como objetivo assegurar a salvaguarda, valorização e divulgação da Muralha de D. Dinis.
O Museu do Dinheiro revela peças que ilustram vários períodos históricos, origens ou aspectos curiosos e marcantes da história do dinheiro.
Tudo cuidadosamente preparado para promover a construção de conhecimento através de uma programação educativa e cultural para todas as idades e para toda a comunidade!
E terminamos por aqui a nossa visita ao Museu do Dinheiro, um espaço de lazer, conhecimento e inovação, que mostra a verdadeira preciosidade do dinheiro.
Endereço | Largo de São Julião 1100-150 Lisboa |
Ingresso | Entrada livre |
Contato | (+351) 21 321 3240 www.museudodinheiro.pt/ |