Cultura 7 fevereiro, 2021

Palácio Marquês de Fronteira, uma casa particular e fabuloso exemplar do patrimônio histórico-cultural português

Desenhado com traços renascentistas, o Palácio Marquês de Fronteira é considerado um dos mais belos monumentos lisboetas do século XVII.

Breve histórico

O palácio foi inaugurado por volta de 1675, servindo como pavilhão de caça e casa de campo para o primeiro Marquês de Fronteira, D. João de Mascarenhas.

O terremoto de 1755 devastou a cidade de Lisboa, mas preservou a região do palácio, motivando a mudança da família Mascarenhas para o local.

Ainda que não tenha sofrido danos com o terremoto, o edifício foi reformado e ampliado para tornar-se a residência permanente da família.

Atualmente, o palácio é habitado pelos descendentes do primeiro Marquês de Fronteira e administrado pela Fundação das Casas de Fronteira e Alorna.

Classificado como Monumento Nacional desde 1982, o Palácio Fronteira disponibiliza diversos espaços e seus jardins para visitação.

A decoração dos interiores é única e o seu sentido ganha importância com a presença dos quadros pintados e do mobiliário existente, com origem em vários contextos histórico-culturais, documentando a história da Família Mascarenhas e a própria história nacional.

Átrio do Piso Nobre

Ao entrar no palácio, nos deparamos com uma carranca em mármore que abastece a taça sob o arco em ferradura.

Este espaço é ladeado por uma escadaria dupla revestida por azulejos padrão camélia, que nos transporta ao átrio do piso nobre, revelando o caráter renascentista do palácio.

Sala das Batalhas

No piso nobre, o grande destaque é a Sala das Batalhas.

As paredes desta sala são decoradas com painéis de azulejos que retratam oito episódios das guerras que culminaram na Restauração da Independência.

A grande contribuição de João de Mascarenhas nestas batalhas lhe rendeu o título de primeiro Marquês da Fronteira em 1670, distinção concedida por D. Pedro II.

Sobre as portas, elevam-se os bustos dos membros da família Mascarenhas, com exceção de João de Mascarenhas, que está representado ao centro de uma das paredes em seu cavalo.

O teto possui enorme riqueza ornamental, e apresenta ao centro as alegorias da Paz, da Guerra e da Vitória.

Biblioteca

A biblioteca é constituída por cerca de três mil volumes, reunidos entre os séculos XVI e XIX, por diferentes membros da família.

Da Bíblia à hagiografia, da caça à culinária, da diplomacia aos assuntos bélicos, da história à filosofia, da botânica à agronomia, o acervo bibliográfico é um exemplo notável de uma biblioteca privada pertencente a uma casa nobre portuguesa.

Também fazem parte da biblioteca um piano decorado com fotografias da última família real, um globo celeste e outro terrestre.

A parte mais encantadora desta sala é a divisão em tripla serliana, envidraçada desde o século XVIII.

Sala dos Painéis

O cômodo seguinte é a Sala dos Painéis, designada como Sala de Jantar e uma das mais belas do palácio!

Altamente decorada, ostenta um soberbo trabalho em estuque estilo rococó. Os motivos desenhados indicam que o espaço era antigamente uma sala de música.

O nome da sala tem origem nos painéis que revestem as paredes – um conjunto de azulejos holandeses do século XVII – representando cenas mitológicas e de caça.

Para completar a riqueza da sala, estão pintadas no teto seis paisagens com uma lira e o sol, revestidos de ouro ao centro.

Sala de Juno

A Sala de Juno possui pinturas que datam do princípio do século XIX, com ornamentos em estilo Rococó, observados também no teto abobadado, cuja pintura no centro retrata a Deusa Juno, honrando o nome da Sala.

É nesta sala que se encontra a mesa de costura, que teria sido oferecida pela famosa rainha Maria Antonieta à Marquesa de Alorna, sogra do sexto Marquês da Fronteira.

Sala dos Quatro Elementos

Passando pelas portas envidraçadas, encontramos a Sala dos Quatro Elementos, onde se destaca o quadro de Domenico Pellegrini, retratando a família do terceiro Marquês de Alorna que habitou o palácio.

O nome desta Sala tem origem na temática do estuque no teto, onde se inscrevem os quatro elementos: ar, terra, fogo e água.

Os destaques são as quatro pinturas na parte superior da porta envidraçada e o rodapé de azulejos holandeses.

Terraço – Galeria das Artes

Tal como no interior, nas áreas externas do palácio é possível observar a simbiose entre a inspiração italiana e a azulejaria portuguesa.

No terraço, também conhecido como Galeria das Artes, estão os painéis representando as alegorias das sete artes liberais, guardadas por estátuas de divindades gregas e bustos de imperadores romanos.

Um conjunto grandioso acompanhado por pequenos painéis satíricos, onde animais surgem humanizados.

Capela

Ao fundo do terraço, encontramos a capela de arquitetura renascentista, a mais antiga edificação do complexo, datada do século XVI.

Sua fachada se destaca pelo revestimento com embrechados compostos por conchas, pedras, vidro e porcelana.

Jardim de Vênus

A partir do terraço podemos aceder ao chamado jardim de cima, também conhecido como Jardim de Vênus, devido à presença da estátua desta deusa em uma fonte.

Com árvores de grande porte plantadas no final do século XIX, o jardim possui caráter íntimo e feminino pela grande carga romântica do espaço, rematado pelo Tanque dos Ss e pela Casa de Fresco, decorada com embrechados e azulejos.

Conta a lenda que os pedaços de porcelana são originários da louça utilizada no banquete oferecido ao Rei D Pedro na inauguração do palácio.

Após o evento, o primeiro marquês de Fronteira teria mandado partir toda a louça, como um ato simbólico e de grande distinção, deixando claro que ninguém mais era digno de utilizar aquele serviço. A exibição destes fragmentos na decoração também demonstram o seu poder e fortuna.

Jardim formal

Outro encanto que podemos visitar é o jardim formal do palácio, criado no século XVII.

De forte inspiração italiana, o admirável jardim é um monumental conjunto de canteiros de buxo, pontuado por fontes e esculturas. 

Ao centro, vemos a fonte adornada com a esfera armilar, simbolizando o elemento heráldico português alusivo ao domínio marítimo.

O jardim é rodeado por painéis de azulejos com representações de deuses, cenas do campo e das estações do ano.

Uma curiosidade sobre o  jardim são os painéis de azulejos que representam os Quatro Elementos. Com a falta do painel que simbolizava o fogo, foi encomendado um painel substituto à pintora portuguesa Paula Rego, renovando a tradição ornamental do palácio.

Galeria dos Reis

Delimitando e embelezando a lateral do jardim, encontramos quatorze painéis que representam personagens da família Mascarenhas como cavaleiros, refletindo-se nas águas de um grande tanque.

As escadarias nos conduzem aos dois torreões, que ligados formam a Galeria dos Reis.

Revelando a importância da Restauração da Independência Nacional, a galeria contempla os bustos dos reis de Portugal desde o Conde D. Henrique até D. Pedro II, incluindo D. Nuno Álvares Pereira e omitindo a Dinastia Filipina da monarquia espanhola que ocupou o país.

Mantendo seu protagonismo ao longo da história, o Palácio Fronteira nos aproxima dos maiores feitos da História de Portugal e da Expansão Ultramarina, enquanto apresenta magníficos exemplares da arte azulejar portuguesa.

E terminamos por aqui a nossa visita ao Palácio do Marquês de Fronteira, um fabuloso exemplar do patrimônio histórico-cultural português que enriquece a cidade de Lisboa!

Clique no botão abaixo e confira o vídeo com detalhes de nossa visita ao Palácio do Marquês de Fronteira!

EndereçoLargo São Domingos de Benfica 01
1500-554
Lisboa
Contato(+351) 217 782 023
[email protected]
Horários e Ingressoshttps://fronteira-alorna.pt/visitas/