Cultura 25 junho, 2020

Panteão Nacional, um expoente do barroco que homenageia as grandes figuras da história portuguesa

Situado na zona histórica de Santa Clara, em Lisboa, o Panteão Nacional ocupa o edifício originalmente destinado à igreja de Santa Engrácia.

Não deixe de conferir também o artigo sobre o Mosteiro de São Vicente de Fora, que abriga o Panteão Real da Dinastia de Bragança clicando aqui.

A fachada principal da igreja concilia de forma exemplar o barroco italiano com a prática arquitetônica mais notável e significativa de Portugal.

Na galilé nos deparamos com os três portais, decorados em grande relevo.

O escudo nacional, localizado em cima do portal central, transparece o explícito caráter nacional da igreja.

História do Panteão Nacional

As obras da igreja iniciaram-se no final do século XVI, por ordem de D. Maria de Portugal, filha de D. Manuel I, e foram concluídas somente em meados do século XX.
Vários acontecimentos arrastaram a conclusão das obras.

Em 1630, por exemplo, houve o roubo das hóstias consagradas, guardadas no sacrário da capela-mor.
Simão Solis, um cristão-novo visto a rondar o templo, foi acusado do crime e condenado à morte na fogueira.
Conta-se que no momento da execução Simão jurou sua inocência e lançou uma maldição sobre as obras, ao afirmar: “É tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!”.

Após o episódio, foi criada a Irmandade dos Escravos do Santíssimo Sacramento que contou com a filiação de 100 nobres fidalgos, empenhados na reparação da afronta cometida.
A poderosa irmandade ordenou a construção de uma nova capela-mor a cargo do arquiteto Mateus do Couto. Iniciadas as obras em 1632, a capela ruiu, subitamente, cerca de cinquenta anos depois.

O desastre levou a influente confraria a construir um novo templo e, em 1681, foi escolhido o projeto do arquiteto João Antunes, com planta centralizada, em cruz grega, onde os quatro braços de igual dimensão eram unidos por paredes ondulantes, marcadas nos ângulos por torreões.
João Antunes faleceu em 1712, mas a igreja ainda não estava terminada.

O prolongamento da conclusão das obras fez nascer, entre os lisboetas, a expressão popular  “Obras de Santa Engrácia”, usada até os dias de hoje para designar “toda e qualquer situação que apresenta demora na execução”.

Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o templo de Santa Engrácia foi entregue ao Exército, que o adaptou a fábrica de armamento e ainda a oficina de produção de calçado.
Apesar da ocupação militar, subsistia a ideia de reabilitar e concluir as obras do “mais belo dos nossos monumentos do século XVII”, como caracterizado por Ramalho Ortigão.

A sugestão de transformar o monumento em um panteão nacional, tornando-o um dos mais imponentes edifícios da Europa, foi apresentada pelo escritor em sua obra “O Culto da Arte em Portugal”, publicada em 1896.

Por decreto de 16 de junho de 1910, a igreja foi classificada como Monumento Nacional, sendo a decisão de sua adaptação à Panteão Nacional tomada em abril de 1916.

Cúpula

A imponente cúpula do edifício do Panteão Nacional foi uma das últimas partes a ser finalizada.

Em 1964, António de Oliveira Salazar visitou o monumento, e decidiu tirar proveito da superstição popular de “uma obra sem fim”, ordenando a conclusão das obras em dois anos.

A inauguração coincidiu com as comemorações do Quadragésimo Aniversário do regime, após a construção da dupla cúpula em betão revestida de pedra lioz, e restauração do interior do edifício, rico em diversos tipos de rocha.

Coro-Alto

O Coro-Alto da Igreja de Santa Engrácia – Panteão Nacional é organizado como um anfiteatro reservado à entoação de cânticos religiosos.

Pela sua localização, o espaço permite uma perspectiva da nave central e das suas semicúpulas, bem como do altar-mor da Igreja em todo seu esplendor!

Nave Central e os cenotáfios

O Panteão Nacional acolhe os túmulos de grandes vultos da História portuguesa.
O monumento conserva, sob a cúpula moderna, o espaço majestoso da nave, animado pela decoração com mármores coloridos, característica da arquitetura barroca portuguesa.

Na Nave Central estão os cenotáfios, que são memoriais evocativos de pessoas cujos restos mortais estão sepultados em outro local.

Encontramos:
– Luís de Camões e Vasco da Gama, sepultados no Mosteiro Dos Jerónimos em Lisboa.
– Pedro Álvares Cabral, sepultado na Igreja da Graça em Santarém;
– Infante D. Henrique, sepultado no Mosteiro da Batalha
– D. Nuno Álvares Pereira, sepultado na Igreja do Santo Condestável em Lisboa
– E Afonso de Albuquerque, sepultado na Igreja da Graça em Lisboa

Salas Tumulares

O Panteão Nacional possui 3 salas tumulares, localizadas no piso térreo.

Estão sepultados nas salas tumulares do Panteão Nacional os restos mortais de muitas personalidades importantes para a história e a cultura portuguesa, incluindo escritores e ex-presidentes da República de Portugal.

Na Sala I estão os restos mortais dos escritores Almeida Garrett, Guerra Junqueiro, João de Deus e da fadista Amália Rodrigues.

Na Sala II, encontram-se Marechal Humberto Delgado, Aquilino Ribeiro, a poeta Sophia de Mello Breyner Andresen e o jogador de futebol Eusébio da Silva Ferreira.

E Na Sala III, os presidentes da república Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Doutor Sidónio Pais e Marechal Óscar Carmona.

O Panteão Nacional possui ainda um Centro de Interpretação que integra elementos recuperados da primitiva igreja, peças de ourivesaria utilizadas na celebração da missa inaugural do Panteão Nacional e um conjunto único de maquetes e modelos em gesso da campanha de conclusão das “Obras de Santa Engrácia”.

Do terraço do Panteão Nacional temos um panorama privilegiado sobre a parte histórica de Lisboa e sobre o rio Tejo.

Com 40 metros de altura, o local presenteia os visitantes com uma vista única sobre uma das colinas lisboetas.

Encerramos aqui a nossa visita ao Panteão Nacional, o emblemático edifício que destaca-se na paisagem de Lisboa e que com seu aspecto imponente e o carácter único da obra, justificam a sua classificação como Monumento Nacional.

Não deixe de conferir o vídeo de nossa visita ao Panteão Nacional e confira os detalhes deste exemplar único do barroco em Portugal!

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