Cultura 6 dezembro, 2020

Igreja e Museu Arqueológico do Carmo, um espaço de contemplação e história

Na colina fronteira ao Castelo de São Jorge, na cidade de Lisboa, está localizado um dos monumentos mais impressionantes da cidade, que concilia a história com uma experiência imersiva e cultural: a Igreja e Museu Arqueológico do Carmo

História

A igreja do Carmo foi construída no ano de 1389, por D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável do Reino, impulsionado por sua devoção religiosa e como forma celebrar a vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota.

Pela sua grandiosidade, a Igreja do Carmo chegou a ser a principal igreja gótica da capital. Estendendo-se por 70 metros de comprimento, possui planta em cruz latina, três naves colaterais e uma capela-mor ladeada por quatro capelas secundárias.

A igreja e o convento sofreram diversas alterações ao longo dos tempos, com adaptações a novos estilos arquitetônicos e decorativos, que a transformaram em uma das construções mais impressionantes de Lisboa. 

Em 1755, quando a cidade foi arrasada pelo devastador terremoto, todo o teto da igreja desapareceu. A estrutura do convento foi preservada, mas o patrimônio artístico doado por Nuno Álvares Pereira foi consumido pelo grande incêndio que ocorreu após o sismo.

Arquitetura

No ano seguinte ao terremoto, foi iniciada a reconstrução da igreja, na tentativa de recriar o legado de seu fundador.

Porém, a reconstrução foi interrompida em 1834, devido à extinção das Ordens Religiosas em Portugal.

Datam desse período os pilares e os arcos das naves, um verdadeiro testemunho da arquitetura neogótica experimental, de caráter cenográfico.

Em meados do século XIX, quando imperava o gosto romântico pelas ruínas e pelos antigos monumentos medievais, optou-se por não continuar a reconstrução do edifício, deixando o corpo das naves da igreja a céu aberto.

Foi assim criado um mágico cenário de ruína que ainda hoje encanta os visitantes!

“Cair o Carmo e a Trindade”

Uma curiosidade relacionada ao local é a origem da expressão popular portuguesa “cair o Carmo e a Trindade”, usada para fazer referência a fatos que provocam surpresa ou que podem acarretar consequências graves.

Historicamente, o Carmo e a Trindade eram as duas áreas que constituíam a antiga freguesia lisboeta do Sacramento, possuindo dois dos mais importantes conventos da região.

Ambos ruíram no terremoto de 1755, causando assombro perante a tragédia, dando origem à expressão popular tão literal.

Museu Arqueológico

O corpo principal da igreja e o coro, cujo telhado resistiu ao terremoto, foram requalificados e abrigam hoje o Museu Arqueológico do Carmo.

Fundado em 1864 pelo arquiteto e arqueólogo Joaquim Possidónio Narciso da Silva, este foi o primeiro museu de Arte e Arqueologia do país. Nasceu com o objetivo de salvaguardar o patrimônio nacional que ainda restava do Convento do Carmo e de outros espaços que estavam ao abandono, em consequência da extinção das Ordens Religiosas e dos inúmeros estragos causados pelas Invasões Francesas e as Guerras Liberais.

O Museu Arqueológico do Carmo é um espaço de cultura, de contemplação, e história! E suas coleções são caracterizadas pelo ecletismo.

Nos primeiros anos de existência do museu, Joaquim Possidónio da Silva reuniu um vasto espólio, constituído por objetos de interesse histórico-artístico e arqueológico.

Esta mistura de fragmentos de diferentes épocas e proveniências contribui para o caráter cenográfico das ruínas, transformadas em um belo museu a céu aberto.

O valioso acervo do museu possui mais de 1000 artefatos em exposição. Em destaque, estão a Janela Manuelina proveniente do Mosteiro dos Jerónimos, a medalha de D. Nuno Álvares Pereira, a Arca tumular de D. Maria Ana da Áustria, em estilo barroco, e o túmulo do rei Fernando I, obra-prima da escultura gótica.

No Museu Arqueológico do Carmo encontramos também uma maquete que reconstitui a versão da Igreja do Carmo antes do terremoto. Ao ver a reconstituição do monumento é possível imaginar sua imponência como uma das principais igrejas da época.

Na sala dedicada à pré-história, estão as pedras lascadas, vasos e peças originárias de escavações. O destaque é a coleção de Vila Nova de São Pedro, uma fortificação de Azambuja, construída e habitada entre os anos 3500 a 1500 antes de Cristo.

Da época romana, o grande destaque é o Sarcófago das Musas, datando do século III depois de Cristo.

Por toda a história associada, Nuno Álvares Pereira decidiu que era neste monumento que queria ser sepultado. No local onde era a capela mor da Igreja do Carmo, há uma réplica de sua sepultura primitiva, datada de 1380, esculpida em alabastro e que foi destruída pelo terremoto.

Com o intuito de criar um museu didático, foi instalada a biblioteca histórica dos arqueólogos portugueses, como Possidónio da Silva e o Conde de S. Januário. Neste local, encontramos suas “coleções exóticas”, que incluem cerâmicas, múmias pré-colombianas, e ainda um sarcófago egípcio.

Encontramos, ainda, esculturas medievais e modernas, um conjunto de 14 painéis de azulejos em estilo barroco, do século XVIII, representando a Paixão de Cristo.

E terminamos por aqui a nossa visita à Igreja, Convento e Museu Arqueológico do Carmo.

Um memorial ao terremoto de 1755 envolto por uma aura romântica, e que oferece um espaço de contemplação em plena baixa lisboeta.

Clique no botão abaixo e confira o vídeo de nossa visita às Ruínas da Igreja e Museu Arqueológico do Carmo!

EndereçoLargo do Carmo
1200-092
Lisboa
Contato(+351) 213 460 473 / 478 629
[email protected]
HorárioDe Seg a Sáb das 10h as 18h
(de Maio a Setembro até as 19h)
PreçoConsulte tipos e valores de ingressos em:
https://www.museuarqueologicodocarmo.pt/info.html
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