Cultura 26 janeiro, 2023

Uma viagem pelo universo da Azulejaria Portuguesa

O azulejo português é uma das formas mais expressivas de arte popular e arquitetura em Portugal. Com sua origem remontando ao século XV, o azulejo tornou-se parte integrante da paisagem urbana de Portugal, decorando edifícios, praças, fachadas e interiores de todo o país.

Este artigo explora a história, técnicas, estilos e significado do azulejo português, através da visita a alguns dos locais que destacam sua importância como patrimônio cultural do país e seu impacto na arte e arquitetura.

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Visitaremos juntos o Museu Nacional do Azulejo, um local de referência nacional e internacional, instalado no antigo Convento da Madre de Deus, que abriga uma das mais belas igrejas de Portugal!

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Visitaremos também a Fábrica SantAnna, que é considerada a última grande fábrica de azulejos e faianças artesanais da Europa, ainda em funcionamento, onde os artesãos criam peças únicas, utilizando técnicas centenárias! 

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CONVENTO DA MADRE DE DEUS E MUSEU DO AZULEJO

Nosso passeio de hoje começa aqui, no Convento da Madre de Deus, que guarda o Museu Nacional do Azulejo e diversas outras preciosidades que iremos conhecer! 

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O Convento da Madre de Deus foi fundado pela Rainha D. Leonor, esposa de D. João II, e irmã de D. Manuel I, no ano de 1509.

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Apesar de ser destinado a acolher as religiosas da Ordem de Santa Clara, regidas por votos de humildade e pobreza, o Convento foi ampliado e engrandecido com importantes obras de arte e decoração, em especial durante os reinados de D. João III, D. João V e D. José I. 

A proteção régia de que foi alvo, contribuiu para a notável qualidade arquitetônica e decorativa dos seus espaços, preenchidos com quadros de grandes pintores; talha dourada, e azulejos de Mestres portugueses e holandeses.  

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Os diferentes estilos arquitetônicos que podemos observar no convento são consequência das várias obras que sofreu ao longo do tempo, principalmente após o terremoto de 1755.

Nos diversos espaços, encontramos os estilos manuelino e maneirista, bem como o estilo revivalista; e ainda o deslumbrante barroco, que se destaca entre todos eles.

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Em 1867, o Convento tornou-se propriedade do Estado e em 1872 encerrou definitivamente.  

Mais tarde, em 1958, por ocasião do 5º centenário do nascimento da Rainha D. Leonor, o edifício foi reformado, e recebeu as coleções de azulejos do Museu Nacional de Arte Antiga. 

A expressão artística e a riqueza decorativa presentes neste amplo espaço, incluindo os próprios azulejos, abriram espaço para instalar aqui o museu dedicado a contar a história dessa arte, tão característica da cultura portuguesa.

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O Museu Nacional do Azulejo, criado em 1965, é hoje uma referência nacional e internacional, que nos apresenta a história e a evolução da arte do azulejo ao longo de cinco séculos.

O Convento da Madre de Deus possui uma fachada simples, mas o seu portal não passa despercebido!

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Este portal de acesso à Igreja ganha destaque na fachada pelo trabalho em estilo neomanuelino oitocentista.

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Contornando o edifício, chegamos ao portão que dá acesso ao Museu Nacional do Azulejo!

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O Museu Nacional do Azulejo nos permite compreender uma das manifestações artísticas mais significativas da arte portuguesa, como também conhecer um dos maiores exemplares do Barroco nacional, a Igreja do Convento da Madre de Deus.

Claustro

Ao entrarmos no edifício, chegamos ao Claustro, onde somos recebidos por um magnífico painel de azulejos do século XVIII, representando Atena, a deusa da Sabedoria. 

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O Claustro de D. João III, em estilo maneirista e com pavimento em estilo calçada portuguesa, possui uma fonte ao centro, feita em calcário. 

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Aqui, no pavimento interno do claustro, encontramos as sepulturas da rainha D. Leonor, e da primeira abadessa do mosteiro, Soror Coleta. 

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Manufatura e Azulejaria Arcaica

Agora, vamos conhecer a coleção do Museu Nacional do Azulejo, em um percurso que vai da segunda metade do século XV até a atualidade.

O Museu começa sua exposição por uma breve apresentação da origem e das técnicas de manufatura do azulejo. 

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A decoração cerâmica com azulejos foi introduzida na Península Ibérica pelos árabes, durante o século VIII.

Esta influência pode ser notada também na própria palavra azulejo, derivada de um vocábulo árabe, que significa “pequena pedra polida”.

Na primeira sala, aprendemos sobre as técnicas de corda-seca e aresta, utilizadas nos azulejos hispano-mouriscos do início do século XVI. 

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Alguns dos exemplares em destaque são a Esfera armilar; as peças com as iniciais dos Reis Católicos espanhóis, Fernando e Isabel; e ainda um painel com as armas de Portugal, que na época representavam o Ducado de Bragança. 

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Em Portugal, a utilização do azulejo começou apenas no final do século XV.

A decoração do Palácio Nacional de Sintra é considerada o marco inicial da utilização do azulejo no país, quando D. Manuel I contactou a Azulejaria de Sevilha para encomendar as peças que revestem as paredes do palácio.

Primeiras produções portuguesas e a técnica majólica

Foi na primeira metade do século XVI que surgiram as primeiras olarias em Portugal.

Para fabricar os azulejos, os artesãos das olarias utilizavam uma técnica inovadora, desenvolvida na Itália – a chamada faiança ou majólica.

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Esta técnica permitia a pintura direta sobre o azulejo liso, sem que as cores se misturassem durante o cozimento. 

Ilustrando a transição das antigas técnicas para a faiança, podemos ver as encomendas da Antuérpia para o Paço Ducal de Vila Viçosa.

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As peças aqui expostas ilustram o início da criação de desenhos nos painéis, ainda que pouco elaborados na época.

Retábulo de Nossa Senhora da Vida

A faiança possibilitou a realização de grandes composições figurativas, como este exemplo – o Retábulo de Nossa Senhora da Vida!

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Considerado uma das primeiras obras-primas da azulejaria portuguesa do século XVI, este painel esteve originalmente aplicado na igreja de Santo André, em Lisboa, parcialmente destruída pelo Terremoto de 1755. 

Pela riqueza de detalhes, percebemos que estamos diante de uma das obras mais importantes do Museu Nacional do Azulejo!

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Um detalhe que chama a nossa atenção é a área vazia, ao centro do painel. Esse espaço correspondia a uma janela. Ao permitir a entrada da Luz, representava, de forma simbólica, o caminho que a Pomba do Espírito Santo utilizou para chegar até Maria.

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As padronagens em azulejo

No século XVII, com o aumento da produção de azulejos, Lisboa consagrou-se como o maior centro nacional.

As padronagens marcaram a primeira metade do séc. XVII, o chamado “Período Filipino”. 

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A azulejaria desta época, encomendada pelo Clero para valorizar os espaços religiosos, conduziu a uma proliferação de motivos, geralmente desenhados em azul e amarelo. 

Os revestimentos cerâmicos, designados de tapete por ensaiarem grandes composições têxteis, testemunham a inclusão de elementos exóticos resultantes dos contatos com outras culturas.

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Como exemplos, podemos ver aqui os frontais de altar e o padrão de Camélias, que possui diversas variantes. 

Capela D. Leonor

Chegamos então à Capela D. Leonor, considerada o ponto de partida para a construção do Convento da Madre de Deus.

Foi a partir desta capela que D. Leonor mandou construir o antigo Convento e onde encontramos o Panorama de Jerusalém, onde está representada a própria rainha.

Coro Baixo

O acesso à igreja é feito pelo suntuoso Coro Baixo! Mas antes, vamos conhecer a Sala do Capítulo! 

Sala do Capítulo

Este espaço revestido em painéis de azulejos é a Sala do Capítulo, onde era originalmente a igreja do convento, construída por ordem da rainha D. Leonor. 

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Nesta época, a água do rio Tejo encontrava-se muito mais perto do Convento e em época de cheias inundava a igreja. 

Por isso, alguns anos mais tarde, quando se realizou uma campanha de ampliação do convento, decidiu-se construir uma igreja num plano mais alto, para evitar a entrada de água.

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A Igreja da Madre de Deus

Esta igreja é considerada um dos principais monumentos barrocos da arquitetura religiosa de Portugal!

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O seu interior é maravilhoso! 

Nas paredes, vemos as cenas da vida de S. Francisco e Santa Clara, de Bento Coelho da Silveira.

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E o teto, executado entre 1670 e 1690, pela oficina de Marcos da Cruz retratam cenas da Vida da Virgem.

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As paredes são revestidas com painéis de azulejos historiados do século XVIII, que narram desde cenas religiosas até cenas profanas. 

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O púlpito é trabalhado em talha estilo rococó e as pinturas da sacristia e do ante-coro são da autoria de André Gonçalves.

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Estes azulejos, provenientes da Holanda, foram instalados aqui no ano de 1698. 

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Expressão “Ouro sobre azul

Este tipo de construção barroca, preenchido pela talha dourada e azulejos, é popularmente relacionada com a origem da expressão portuguesa “Ouro sobre azul”.

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A disposição que estes dois elementos têm um sobre o outro é uma das origens atribuídas à conhecida expressão portuguesa, utilizada quando uma situação é especialmente favorável, ou uma boa oportunidade.

Claustrim

Vamos agora conhecer o Claustrim, uma versão menor do Claustro e a zona mais antiga do Convento!

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O claustrim tem piso em calcário, e suas paredes são revestidas por azulejos azuis e amarelos do séc. XVII.

Estes azulejos, designados por enxaquetado rico, são provenientes do extinto Convento de Sant’Ana.

E aqui, em uma de suas galerias, podemos observar a Fonte de Santa Auta, que completa o belíssimo conjunto do Claustrim!

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Ao atravessarmos o Claustrim, subimos ao primeiro piso do Museu.

É impossível não ficarmos fascinados com as paredes revestidas em azulejos que nos acompanham por todo o percurso!

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Sala de Caça

Aqui no primeiro andar,  somos recebidos na Sala de Caça, decorada com diversos painéis com representações de cenas do tema que denomina a sala.

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Encontramos ainda expostos seis painéis da segunda metade do século XVII, vindos do Palácio da Praia, em Lisboa. 

Após a Restauração da Independência, em 1640, a Nobreza começou a encomendar painéis com temas não religiosos para decorar os seus palácios. 

As cenas mais representadas são as caçadas, atividade nobre desta época.

Escadaria de S. Bento

A Escadaria de São Bento é outra obra-prima do Museu, que não passa despercebida!

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Com painéis de flores, a Escadaria testemunha a exuberância cromática da época.

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Painéis Figurativos

Nesta área do museu, vamos a transição da policromia para os típicos azulejos portugueses, em azul e branco.

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No segundo piso do Claustrim, o painel” Caça ao Leopardo” ou o satírico “Casamento da Galinha” encerram o período de domínio da cor na azulejaria nacional e antecedem o conjunto das Musas pintadas em azul, com contorno roxo sobre o branco. 

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Caça ao Leopardo
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As peças seguintes nos mostram como a importação holandesa de painéis, (como a Lição de Dança) levou a uma renovação da qualidade da pintura de azulejos. 

A primeira metade do século XVIII ficou conhecida como o “Ciclo dos Mestres”, e consagrou vários pintores de azulejos pela qualidade estética e técnica de suas obras. 

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Caracterizada pela redução da paleta ao azul de cobalto, esta época tem como alguns dos maiores representantes os artistas: Gabriel del Barco, Manuel dos Santos, António Pereira e ainda Policarpo de Oliveira Bernardes, autor da obra “Fuga para o Egipto”.

Capela de Santo Antônio

Em diversos momentos do percurso pelo museu, o Convento da Madre de Deus nos convida a saber mais sobre sua história!

Aqui nos deparamos com a Capela de Santo Antônio, que chama nossa atenção pela decoração barroca. O destaque são as 27 telas do pintor André Gonçalves, que retratam a vida de Santo António.

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Presépio

Ao fundo da capela, encontramos outra preciosidade histórica: o mais antigo presépio barroco português.

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Construído entre 1700 e 1730 por Dionísio e Antonio Ferreira, este presépio foi desmontado após a extinção do convento, e guardado por 200 anos. 

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Somente em 2006 foi remontado e novamente exposto ao público, após 3 anos de restauro.

Composto por 42 peças únicas, o presépio prende a nossa atenção pelo seu realismo extremo.

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Coro Alto

É nesta área que temos acesso a mais uma parte do tesouro barroco do Convento, o Coro Alto da Igreja.

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Este espaço é todo revestido em talha joanina e guarda uma grande coleção de relíquias! 

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Era daqui que os cânticos ressoavam para toda a igreja.

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Século  XVIII –  Azulejaria  Rococó,  pombalina  e  neoclássica

O percurso pela história do azulejo em Portugal continua na Sala dos Arcos.

Nesta sala podemos observar diversos exemplos da azulejaria portuguesa barroca e rococó. Aqui somos apresentados também à azulejaria pombalina.

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A azulejaria pombalina nasceu após o terremoto de 1755. A crise econômica e a necessidade de reconstrução de Lisboa impuseram um ritmo de fabricação em série. 

Nos finais do século XVIII, o azulejo deixa de ser uma exclusividade da nobreza e do clero, e passa a fazer parte também da burguesia abastada.

História do Chapeleiro

Este percurso nos encaminha ao fantástico conjunto da História do Chapeleiro. 

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O interessante conjunto de painéis conta a trajetória da ascensão social de Antonio Joaquim Carneiro – De pastor a rico fabricante de chapéus.

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Galeria do Claustrim – Azulejos industriais e contemporâneos

Dos séculos XIX e XX, estão presentes diversas obras em estilo contemporâneo.

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Representando o século XIX, temos peças industriais, que fizeram parte do teto da Fábrica Roseira. 

No século XX, surge a Arte Nova pelas mãos de Rafael Bordalo Pinheiro; e a Art Déco através de Raul Lino. 

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Da presença historicista de Jorge Colaço à renovação implementada por Jorge Barradas, o percurso prossegue nas manifestações contemporâneas dos maiores representantes da azulejaria portuguesa como Maria Keil, Querubim Lapa, Manuel Cargaleiro, entre tantos outros que podem ser admirados nesta exposição.

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Grande Panorama de Lisboa

O segundo piso do Museu Nacional do Azulejo nos apresenta uma obra especial: o Grande Panorama de Lisboa!

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De autoria do pintor Gabriel del Barco, o painel possui 23 metros de comprimento e constitui a iconografia em azulejos, mais completa da cidade de Lisboa ,antes do terremoto de 1755. 

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Retratando a cultura e a história, o azulejo superou a função utilitária, conquistou o nível artístico e tornou-se uma das maiores expressões da cultura portuguesa! 

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FÁBRICA SANT’ANNA 

A continuidade da tradição azulejar de Portugal é possível graças a locais que preservam técnicas e saberes centenários, como a Fábrica Sant’Anna.

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A Sant’Anna é uma fábrica de cerâmica portuguesa que produz todas as suas peças por métodos artesanais.

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Desde a preparação do barro até a pintura, mantém os mesmos processos desde 1741, data da sua fundação. 

A Fábrica Sant’Anna nasceu como uma pequena olaria em Lisboa, próxima a uma região com barro de grande qualidade.

Durante os primeiros anos, a olaria apenas produzia peças de barro sem qualquer tipo de decoração.

Após o devastador terremoto de 1755, a reconstrução da capital portuguesa tornou-se essencial e urgente, dando destaque ao azulejo, um material de baixo preço, quando comparado com outros revestimentos como a pedra.

Com o crescimento da procura por este tipo de material, a outrora pequena olaria passou a produzir azulejos decorativos que viriam a fazer parte das fachadas de inúmeros prédios em Lisboa.

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A Fábrica Sant’Anna é considerada a última grande fábrica de azulejos e faianças artesanais da Europa, e mantém, na produção de suas peças, as mais antigas técnicas tradicionais portuguesas.

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Os azulejos e faianças Sant’Anna são feitos totalmente à mão, em um admirável processo de fabricação.

A habilidade artística é reconhecida pela conceituada decoração e pintura, dando aos seus produtos e trabalhos a qualidade das grandes fábricas de renome mundial. 

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Fabricação

Vamos agora saber um pouco mais sobre as etapas de fabricação artesanal do azulejo português!

Todos os azulejos e faianças aqui produzidos são feitos de acordo com as técnicas centenárias características da azulejaria portuguesa, mais especificamente com a técnica majólica, introduzida na Península Ibérica no século XVI. 

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A primeira tarefa é moldar os objetos em argila!

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A argila é modelada até obter a forma desejada. No caso dos azulejos, o barro é colocado manualmente nos moldes até adquirirem o aspecto final. 

Moldadas, as peças recebem o carimbo que certifica a sua origem.

Após serem devidamente certificadas, as peças passam por um período de secagem que leva cerca de 2 meses.

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Após a secagem, as peças vão pela primeira vez ao forno, onde ficam por 48h.

A terceira fase é chamada de vidração. Neste processo, as peças são mergulhadas em um tanque de vidro e, depois, estão prontas para serem pintadas.

É nesta etapa do processo que as peças recebem a minuciosa pintura! 

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Tanto os azulejos de dimensões tradicionais como os painéis e demais peças são pintados à mão, um a um, por artistas que executam há décadas esta função nesta fábrica.

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A habilidade dos profissionais contribui para a preservação desta arte apreciada em todo o mundo.

O processo artístico termina com uma segunda ronda nos fornos durante um dia.

Este é o processo que deixa as peças com a textura e brilho a que estamos acostumados.

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Nas diversas etapas da produção de azulejos, os artesãos reproduzem gestos e técnicas de modelação que representam um patrimônio imaterial.

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Histórias

Em uma trajetória de quase 300 anos, os azulejos de Sant’Anna espalharam-se pelo mundo. E durante esse período, a fábrica colecionou inúmeras histórias. 

Umas delas conta que um decorador, nos anos 60, encomendou painéis de azulejo para um palácio no Estoril, por ocasião da ‘festa do século’, que deveriam parecer antigos. 

Quando a encomenda chegou, mandou um funcionário de tamancos andar sobre eles para se partirem e parecerem verdadeiramente do século VVIII.

Produtos finais

A Fábrica Sant’Anna produz louças, artigos de decoração, e azulejos tradicionais, desde os padrões do século XVI, até painéis de artistas contemporâneos, com a garantia de que cada produto é único.

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A diferença de cores e as pequenas imperfeições dão o caráter artesanal das peças, fazendo de cada uma delas um produto original e exclusivo.

A Fábrica Sant’Anna é, assim como o Museu do Azulejo, um local que preserva esta arte tradicional secular e um dos símbolos de Portugal

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E aqui encerramos nosso passeio, mais próximos de um dos símbolos da cultura portuguesa. Obrigada por sua companhia! E espero por você em nosso próximo encontro!

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